O governo do presidente de facto, Michel Temer, advertido para o efeito extremamente negativo da medida,
caso venha a ser adotada, resolveu adiar para o dia 12 de setembro a primeira reunião do conselho do
Programa de Parceria e Investimentos (PPI), na qual serão definidas as primeiras concessões e privatizações
do governo, acrescentou a fonte. As negociações com os principais conglomerados transnacionais do setor,
entre elas a Nestlé e a Coca-Cola, seguem “a passos largos”.
Representantes destas companhias têm realizado encontros reservados com autoridades do atual governo, no
sentido de formular procedimentos necessários à exploração pelas empresas privadas de mananciais,
principalmente no Aquífero Guarani, em contratos de concessão para mais de 100 anos — acrescentou.
A primeira conversa pública acerca deste e de outros setores que tendem a seguir para a iniciativa privada
estava prevista o dia 25, mesmo dia em que foi aberto o processo de votação do impeachment da presidenta
Dilma Rousseff. Esta coincidência foi fatal para o adiamento da reunião.
O anúncio deve conter uma lista de concessões mais “imediatas”, como as concessões dos aeroportos de
Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Fortaleza (CE) e dos terminais de passageiros dos
portos de Fortaleza e Recife (PE). Além disso, deve haver uma outra relação de projetos a serem concedidos
ou privatizados no médio prazo, com leilões que podem ocorrer em até um ano, como das distribuidoras de
energia da Eletrobras e dos mananciais de água doce.
Fator Estratégico
A relevância de um dos maiores mananciais mundial de água doce é tamanha que, há décadas, tem sido alvo
da especulação quanto ao seu uso e exploração. O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável do Sistema Aquífero Guarani, conhecido por Projeto Aquífero Guarani (SAG), da ANA, foi criado
com o propósito de apoiar Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai na elaboração e implementação de um marco
legal e técnico de gerenciamento e preservação do Aquífero Guarani para as gerações presentes e futuras.
Após a vitória dos conservadores na Argentina e os golpes de Estado por orientação da ultradireita, tanto no
Paraguai quanto no Brasil, restou ao Uruguai votar contra a privatização do aquífero.
Esse projeto foi executado com recursos do Global Environment Facility (GEF), sendo o Banco Mundial a
agência implementadora e a Organização dos Estados Americanos (OEA) a agência executora internacional. A
GEF, no entanto, mantém laços muito próximos às grandes corporações.
Com área total de 1,2 milhões de km², dois terços da reserva estão em território brasileiro, no subsolo dos
Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
“A importância estratégica do Aquífero para o abastecer as gerações futuras desperta atenção de grupos de
diferentes setores em todo o mundo”, afirma documento da Organização de Direitos Humanos Terra de
Direitos.
“A sociedade civil organizada está atenta às possíveis estratégias de privatização de grupos econômicos
transnacionais. Uma vez que, em 2003, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Banco Mundial,
através do Fundo Mundial do Meio Ambiente (GEF), implementaram o projeto de Proteção Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável que visa reunir e desenvolver pesquisas sobre o Aquífero Guarani, com objetivo
de implementar um modelo institucional, legal e técnico comum para países do Mercosul”, acrescenta.
Fonte: Francisco Assis Chico Ambientalista
Minas Gerais Associação Mineira de Municípios AMM
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